Embaixador da Argentina em Portugal, Rodolfo H. Gil, visita a Casa da América Latina

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O Embaixador da Argentina em Portugal, Rodolfo H. Gil, foi recebido no dia 7 de setembro pela Secretária Geral da Casa da América Latina, Manuela Júdice.

No âmbito da visita, conversámos com o novo Embaixador.


Quais são as expetativas para este tempo que vai passar em Portugal?

Primeiro, a expetativa é, acredito, uma expetativa global das alterações que se vão produzir no interior da nossa sociedade, e acho que, como noutros momentos da história, a Europa é como uma espécie de tubo de ensaio, onde vamos poder começar a perceber o que se vai passar com as relações sociais, as relações produtivas, as relações jurídicas, as relações culturais, as relações no seu conjunto dos integrantes das nossas distintas sociedades. Porque há outras sociedades que estão muito cristalizadas, e muitas não vão mudar. Os Estados Unidos são um país muito cristalizado, a China também, mas a Europa tem demonstrado em toda a sua história, pelo menos na história moderna dos últimos dois, três séculos da humanidade, que é o lugar onde se tem que observar como se vai conformando o mundo no futuro.

Chegou numa altura muito difícil para todo o mundo, neste tempo de pandemia, com muitas restrições aqui em Portugal, mas ainda mais na Argentina. Acha que este enquadramento da pandemia vai mudar alterar algum do trabalho que quer fazer aqui?

Até agora encontrei uma excelente recetividade. Estou aqui há 60 dias, e Portugal dá-me a impressão de ser uma sociedade muito aberta. Pedem-se entrevistas com os funcionários, apesar de estarmos a meio de agosto, e dizem “não, no mês de agosto está tudo fechado” mas, está uma máquina burocrática em funcionamento que não tem preocupações, encontra respostas. Acho que, as primeiras impressões que tenho de Portugal estão em dois planos: Um, é o plano das relações humanas. Eu venho de uma sociedade áspera. É difícil encontrar sociedades onde a gente é tão cortês, tão amável, tão disposta a ajudar o outro, é algo que realmente impacta. Venho de uma cidade muito grande, Buenos Aires tem mais de 4 milhões de habitantes e, se se tiver em conta o cinturão suburbano, 12 milhões de habitantes. O Rio de Janeiro é uma cidade enorme, Nova Iorque também, são cidades exasperantes para se viver. Aqui não, aqui nesse sentido é uma maravilha. E o segundo plano é a capacidade que tem a classe política para o diálogo, é algo realmente desconhecido. Hoje em dia, os países estão separados nas suas posições políticas, polarizados. Vemos isso nos Estados Unidos, no Brasil, na Argentina, no Reino Unido com o Brexit, até mesmo em Espanha. Aqui não. Aqui os políticos dialogam, e dialogam, e dialogam, e não se cansam de dialogar, e não é um diálogo para nada, é um diálogo que finalmente dá frutos. Então acho que, do meu ponto de vista, é uma aprendizagem maravilhosa nesse sentido.

Para terminar, sei que tem intenção de fazer projetos com a Casa da América Latina. Quer falar-nos disso?

A Casa da América Latina é a primeira instituição deste tipo que visito, primeiro porque me falaram muito bem de vocês (risos). Sim, muitos projetos, tanto na área económica, área de apoio às microempresas, aos pequenos empreendedores, como em coisas que acho que sim, podemos ter um campo muito frutífero e ser sócios privilegiados. Nós argentinos com a América Latina de língua espanhola e vocês connosco naquilo que é o enquadramento da União Europeia podemos ser os sócios privilegiados. Há pouco fizeram-me uma entrevista no Diário de Notícias e o título foi esse, queremos ser sócios privilegiados importantes de Portugal na América Latina e que eles sejam nossos sócios importantes no enquadramento da União Europeia.

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