Templo Furor: Movimento peruano reúne artistas diversos, poetas e escritores

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O que é o Templo Furor e como foi criado?

O Templo Furor é um movimento artístico que procura, através do desenvolvimento e aplicação de projetos, fortalecer a integração sociocultural do nosso país. Dessa maneira, procura influenciar a complexa configuração social nacional, enfatizando a criação artística que deve responder a problemas específicos e ao contexto particular – nacional e internacional – no qual é gerado e expandido. Não é uma estética que une os membros do movimento; é, antes, uma nova filosofia da arte que lhes permite posicionar-se diante da realidade. 

No início, o grupo era composto por colegas artistas e amigos com quem compartilhávamos preocupações relacionadas com o problema da arte, mas também outras preocupações que giravam em torno da complicada questão social do nosso território. Procurámos espaços para debater, expressar-nos e avaliar diferentes alternativas para que outros se interessem pelas nossas preocupações. Foi então que, no início de 2017, decidimos realizar um primeiro evento com um espírito agradável, onde todos pudémos expressar as nossas ideias através de várias manifestações artísticas. 

Assim, poetas, bandas de rock, muralistas e atores reuniram-se num distrito chamado Pueblo Libre, onde compareceram mais de 500 pessoas. Foi então que decidimos abrir uma página de fãs para que as pessoas interessadas em conhecer as nossas atividades pudessem seguir-nos e participar nelas. Passado algum tempo, já éramos uma comunidade. Havia muitos amigos músicos interessados em tocar e artistas interessados em tornar a sua arte conhecida. Portanto, a nossa banda com o mesmo nome do movimento “Templo Furor”, com quem fizémos música social, nasceu como parte da experiência e cumpriu a sua etapa e função experimental. Surgiu então a necessidade de nos expressarmos em espaços grande e abertos, e assim formámos também um grupo de teatro para fazer intervenções em parques, mercados e outros espaços públicos. Agora, já mais consolidado, com o apoio de novos membros que contribuem com as suas disciplinas e profissões, procuramos através das artes alcançar objetivos mais concretos e urgentes.

Quais são os objectivos deste movimento? 

Os objetivos do movimento são incorporados nestes três eixos:

Objetivo: Contribuir através da promoção cultural para o processo de integração social no Peru.

Missão: Promover as disciplinas científicas, filosóficas e artísticas cujos conteúdos são úteis para o desenvolvimento da integração sociocultural.

Visão: Ser uma organização que lidera, contribui e influencia decisivamente para o processo de construção e integração sociocultural do nosso país.

Quais são as plataformas em que o Templo Furor está disponível?

O movimento tem uma página de fãs e um grupo de discussão na plataforma do Facebook, que está aberto para quem quiser participar. No entanto, consideramos que o nosso principal campo de ação é a abordagem direta ao público através dos diferentes projetos que realizamos.

Quem pode integrar o Templo Furor? 

Todas as pessoas que estão dispostas a contribuir com ideias que refletem possíveis soluções para os problemas socioculturais nacionais, que têm vontade de apoio e esforço recíprocos para alcançar objetivos relacionados com a integração do Peru, podem juntar-se ao Templo Furor.

Templo Furor em Lima, Peru

O Templo Furor tem alguma ligação a instituições estatais ou algum apoio do Estado? Se sim, qual?

O Templo Furor conta com o apoio de várias instituições: a Universidade Nacional Presidente de San Marcos, a Pontifícia Universidade Católica do Peru, a Academia Peruana de Idiomas, o Município de Barranco, a Writers Guild of Peru, entre outras. Todos colaboram com os nossos projetos, disponibilizando as suas instalações ou disponibilizando as suas plataformas virtuais para sua divulgação.

Que iniciativas o Templo Furor levou a cabo desde o início da Pandemia? 

No contexto da quarentena, para integrar os diferentes atores culturais no país, foi realizado o recital virtual “Dia Mundial da Poesia, por um Peru Unido Contra a Adversidade”, evento que procura estabelecer-se e resistir a essas perspectivas de âmbito nacional, reconhecendo que as mensagens das mais recentes diretrizes da UNESCO afetam aspetos tão importantes relacionados com a poesia como a identidade, solidariedade entre os povos, aproximação entre culturas endógenas e exógenas, comunicação global através de da virtualidade, a união de instituições na procura da difusão da expressão poética e a participação de outras artes no fortalecimento da poesia. O evento é organizado pelo movimento artístico Templo Furor com o apoio de Mascaipacha, Barranco Cultura, Golem Editores, Federação de Jornalistas do Peru, Grupo Editorial Arteidea Grémio Escritores do Peru e outros. Temos a participação de diferentes artistas reconhecidos e emergentes, de grupos étnicos nativos do nosso país, da capital e peruanos que vivem no exterior.

O movimento artístico Templo Furor tem projectos fora da internet? Ou seja, há algum evento que possa ser visto ao vivo? 

É necessário esclarecer que, desde o início, os projetos artísticos do Templo Furor foram realizados abertamente e em contato direto com o público. No entanto, devido à pandemia, não podemos fazê-lo agora. Mas iniciámos grandes eventos virtuais.

O Templo Furor abarca apenas artistas peruanos ou está aberto a divulgar artistas de outros países? Se sim, como?

O Templo Furor é formado por artistas peruanos, mas não temos cláusulas de restrição para membros de outras nacionalidades. Qualquer pessoa que assine o nosso manifesto e os nossos valores institucionais pode juntar-se ao grupo. Da mesma forma que, não nos opomos à participação de artistas de outros países nos nossos projetos, pois entendemos que mais cedo ou mais tarde a integração nacional resulta numa maior integração, e consideramos que o conhecimento das diferentes situações reais expressas nas obras de artistas de outros países podem contribuir para o enriquecimento do nosso próprio processo nacional.

Por que razão as pessoas de Portugal devem seguir o Templo Furor no Facebook ou em outras plataformas?

Porque somos um movimento artístico que, a partir de sólidas perspectivas nacionais, é capaz de aplicar um olhar profundo à atualidade como um espaço em que se está a desenvolver uma mudança no paradigma cultural global, do qual tomamos o necessário para fortalecer a nossa experiência particular artística investigadora. Porque estamos no caminho de construir uma teoria crítica que pode assumir as complexidades, contradições e possíveis expressões do campo artístico. Porque exigimos considerar o facto fundamental de que, sem um sistema sólido de ideias, nenhum artista ou movimento artístico será capaz de iniciar uma verdadeira transformação do seu ambiente. Porque consideramos um requisito intelectual e moral saber primeiro o que se deseja modificar através da arte, investigar no seu mecanismo operacional ao que nos opomos e aplicar cuidadosamente as estratégias apropriadas para influenciar um determinado problema social. Porque o público em Portugal e noutros países pode ter a certeza de que, seguindo os nossos projetos artísticos, terão a imagem mais completa possível do que acontece na arte do Peru. (A propósito, um dos projetos que temos em andamento é um portal que terá o nome de Criba, claramente dedicado à disseminação das principais atividades na esfera cultural, incluindo não apenas as artes plásticas, mas também a dimensão puramente artística que implica trabalho científico e tecnológico).


Entrevista realizada por Raquel Marinho

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