A Atualidade da Arquitetura da América Latina e nos países de expressão lusófona

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Foi no passado dia 11 de outubro que a Casa da América Latina, numa parceria conjunta com a UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa) e com a Revista Anteprojectos, acolheu na sua Sede a conferência “A Atualidade da Arquitetura da América Latina e nos países de expressão lusófona”.

Este evento, que celebrou o Dia Mundial da Arquitetura comemorado no primeiro dia do mês, surgiu pela primeira vez em 1986, por iniciativa da União Internacional dos Arquitetos, e este ano teve como tema a “Arquitetura por um mundo melhor”.

Vítor Ramalho, Secretário-Geral da UCCLA, abriu a sessão referindo que a “arquitectura incita à história do nosso país” e que esta configura-se como uma “marca indelével” da nossa cultura lusófona e Ibero-americana.

Por sua vez, a Secretária-Geral da CAL, Manuela Júdice, afirmou que “Portugal é o melhor do mundo na arquitetura e na poesia”, dando como exemplo os dois Prémios Pritsker que o nosso país já arrecadou e fazendo referência da Casa das Galeotas, sede das duas instituições, que já recebeu um prémio pela reabilitação do edifício. Por fim, destacou o poder de união contido na arquitectura, exemplificando com a relação Portugal-México, e mais concretamente a FIL 2018, que homenageará o arquiteto Carrilho da Graça, e o trabalho desenvolvido pela Fundação Manuel António da Mota, que atualmente leva a cabo a reconstrução da casa de Luis Barragán no seu país natal.

Como moderadora a Diretora-Geral da Revista Anteprojectos e co-organizadora da iniciativa Ângela Leitão, fez desfilar os arquitectos convidados numa partilha de experiências, abordando as facilidades e/ou dificuldades de “fazer arquitectura” nestas regiões.

Coube a Margarida Cabral Caldeira, da Brodway Malyan Portugal, iniciar a conferência. A arquiteta referiu-se ao desenho como “linguagem universal dos arquitetos”, argumentando desta forma um idioma diferente, não é um obstáculo para quem quer trabalhar numa região que descreveu como “fascinante”. Não obstante, frisou que para se atingir o sucesso os arquitectos portugueses têm de se “aculturar”, “ter a humildade de primeiro conhecer o outro e aprender com ele”. Margarida também abordou as diferentes realidades de trabalhar com clientes do setor público e privado. “No Brasil, trabalhei só com o sector privado e tive muito boas experiências”, salientou.

Nuno Porfírio, da A1V2, referiu-se à Colômbia – país no qual a empresa abriu um escritório há dois meses – como uma região “muito disponível para o urbanismo e para a arquitectura”. No que respeita à sua experiência pessoal, enquanto português, afirmou que, “embora os colombianos sejam exigentes, receberam-nos de braços abertos. Trabalhamos bem em equipa”. O arquiteto referiu ainda o facto de os latino-americanos precisarem de Portugal por causa do know-how da Europa.

Já Nuno Malheiro, em representação da Focus Group, falou das duas experiências de trabalho na América Latina, mais concretamente no Brasil, onde esteve ligado a projetos como o Estádio de Fortaleza e o Parque Olímpico do Rio de Janeiro, “projectos de grande complexidade, tendo como cliente uma entidade pública, muitos interlocutores, dificuldades negociais, o que obrigou a muitas viagens e acompanhamento próximo”.

A Quadrante, empresa que atua em três continentes (Europa, África e América Latina) com projectos, no Chile, Panamá, Colômbia, Peru e Brasil, fez-se representar pelo arquiteto João Rainha, que destacou a Fazenda do Carmo, onde apontou como principal desafio “mostrar aos brasileiros a importância do projeto que pretendiam realizar”, “criar a necessidade”. “Para que o projeto fosse sustentável e não fosse vandalizado no futuro, foi fundamental que a população/a comunidade fizesse parte da solução a adotar no jardim”.

Por fim, Ana João Santos substituiu Miguel Amado, da Miguel Amado Arquitetos, e encerrou a conferência referindo-se à América Latina como “palco de ensaio para as investigações que estão a decorrer” promovidas pela empresa que representa. Para Ana João Santos é importante o envolvimento dos técnicos e arquitetos locais. “O projeto funciona tanto melhor se conseguirmos soluções mais simples, que se possam fazer com os recursos locais, sem requerer importação. Motivar as comunidades a fazer, em países como Timor Leste, ou outras regiões mais desprotegidas do globo, permite tornar os projetos auto-sustentáveis e a manutenção desses projetos uma realidade”, referiu.

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