María José Argana Mateu: “as mulheres subestimam o seu talento”

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O seminário “Arte e Empreendedorismo no Feminino”, organizado pela Casa da América Latina (CAL) e UCCLA – União de Cidades Capitais de Língua Portuguesa, realizou-se a 27 de junho, contando com a presença de várias personalidades que têm vindo a desenvolver um papel relevante nos setores cultural, empresarial e diplomático, como é o caso da embaixadora do Paraguai em Portugal, María José Argana Mateu, a Chefe de Divisão da Cultura da Câmara Municipal de Felgueiras, Carla Vilas-Boas Carvalho, a cantora em empreendedora Zurire Peche (Peru), a diretora do LadoBe – Creative Agency, Luana Bistane (Brasil), ou a atriz e performer Alheli Guerrero Chapa (México).

Cristina Valério, coordenadora económica e empresarial da CAL, Isabel Nascimento, da Associação de Mulheres Empreendedoras Europa África, e Vítor Ramalho, secretário-geral da UCCLA, fizeram as apresentações a um encontro que teve por objetivo dar a conhecer a experiência das participantes no âmbito artístico e de negócios, bem como as especificidades desta atividade no feminino.

Vitor Ramalho, Secretário-geral da UCCLA, falou das suas três pátrias – Angola, Portugal e União Europeia – e do papel que as mulheres desempenham nas sociedades atuais.

Arte é um negócio “sério”?

A jornalista Maria João Martins, moderadora do primeiro painel, apresentou a convidada especial, a embaixadora do Paraguai em Portugal, María José Argana Mateu, que salientou a relevância de criar “valor associado” aos negócios no feminino, nomeadamente através do recurso e investimento nas novas tecnologias.

Lamentando a tendência a que tem vindo a assistir no seu percurso, que, afirma, mostra que “as mulheres subestimam o seu talento”, tendo ainda “dificuldade em estabelecer boas redes profissionais”, a embaixadora explicou que, na sua experiência pessoal, isto se deve ao facto de existir “uma luta diária das mulheres para equilibrar a vida pessoal e profissional”, facto que é ainda mais visível quando se trata de uma mulher a exercer um cargo diplomático.

“Se fazes algo, joga a sério”, disse ainda María José Argana Mateu, que ressalvou que a questão que deve ser colocada pelas empreendedoras não é “quem me vai permitir”, mas sim “o que me vai deter”.

Zurire Peche apresentou o seu negócio, dando destaque ao artesanato, atividade que, por vezes, sofre de um estigma de “inferioridade” no seio das artes. O mesmo foi reforçado por Carla Vilas-Boas Carvalho, que lembrou ainda a necessidade de “ensinar as mulheres que elas também conseguem”. A embaixadora do Africa Fashion, blogger e consultora de imagem, Felizarda Prazeres (São Tomé e Príncipe), abordou ainda as especificidades do seu âmbito de negócio, debatendo o impacto da moda africana no mundo e dando pistas para o acesso às oportunidades no feminino.

Arte e internacionalização nos três continentes

A moderadora do segundo painel, Maria João Veiga Gomes, da AICEP, estabeleceu o diálogo entre as participantes: a artista plástica Maria Seruya (Portugal), a artista e designer Dila Moniz (Angola), a diretora da LadoBe – Creative Agency, Luana Bistane (Brasil), a atriz e performer Alheli Guerrero Chapa (México) e a advogada e ex-ministra da Justiça, Edite Ten Jua (São Tomé e Príncipe). Estas falaram sobre os países para onde pretendem internacionalizar ou nos quais já exercem negócios, comentando os seus focos de inspiração e influência.

Maria Seruya explicou o conceito do seu projeto “Velhas Bonitonas”, que retrata “mulheres mais velhas que ousam ser quem querem”, como mote para abordar temas como a força do envelhecimento feminino e a liberdade de espírito, com o propósito de inspirar mulheres de todas as idades a viverem a idade como um processo natural e desafiante.

Luana Bistane apresentou a LaboBE, rede ativa de criação, ativação e desenvolvimento de projetos no âmbito da Economia Criativa, que fundou em conjunto com Marina Ferriani, e que está estruturada de forma a catalisar e impulsionar ideias entre criativos. A atriz Alheli Guerrero Chapa afirmou sentir-se empreendedora em Portugal, país que a acolheu, salientando a relevância de “ser mais forte” enquanto mulher em áreas do teatro ou publicidade, nas quais participa.

O evento terminou com um testemunho emocionante de Solange Pinto, vice-presidente da Associação de Mulheres de São Tomé e Príncipe, que nos deu a conhecer o esforço das mulheres no seu país e em Portugal, destacando o valor do maior empreendimento feminino, o ser mãe e a difícil conciliação entre esse papel, a profissão e o associativismo. Terminou acentuando que “juntas somos mais forte”.

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