Antonio Carlos Secchin: “A poesia é sempre um lugar de desconforto”

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O escritor Antonio Carlos Secchin, de visita a Lisboa, esteve presente num conjunto de encontros que incluíram uma palestra na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a cerimónia de tomada de posse como sócio lusófono estrangeiro da classe de Letras, e o lançamento do livro Desdizer, que reúne toda a sua obra poética.

Na palestra que proferiu sobre a sua criação literária no contexto da poesia brasileira contemporânea, Secchin afirmou que a distância é o “recuo estratégico” que procura quando escreve. Contando com uma longa carreira como crítico, explica como tem “sempre em vista a poesia do outro” e como a sua obra surge como uma “musa fugidia”, que nem sempre responde ao chamado.

Secchin acredita que “o poeta só é dono do poema no momento da escrita, depois é simplesmente leitor”. Este ultrapassar do que foi no passado é revelador da sua vontade em se “desmarcar do próprio estilo”, num processo que classifica como uma “constante demanda em relação à linguagem”. Assim, a poesia assume-se para ele como um lugar de desconforto – ponto de vista que quis refletir no próprio título da sua mais recente compilação de poesia, Desdizer.

Após um período de interregno de 10 anos, no qual não escreveu “um só verso”, Antonio Carlos Secchin apresenta Desdizer, uma edição da Imprensa Nacional Casa da Moeda, que reune toda a sua obra poética. O livro inclui “sonetos de circunstância”, “variações para um corpo”, “primeiras pessoas”, entre outras temáticas que servem para juntar poemas anagramáticos, guardadores de “tesouros potenciais”, pois, tal como afirma o escritor, “o poema sabe coisas que o próprio poeta desconhece”.

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