Lima Fintech 2017: o tema “quente” do empreendedorismo financeiro

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Com o objetivo de colocar o Peru, e a América Latina, na rota da inovação financeira, a Emprende UP da Universidade del Pacífico organizou o Lima Fintech Forum 2017 – iniciativa que reuniu os mais relevantes casos de sucesso das Fintech no mundo latino-americano, mas também grandes bancos, como o BBVA ou o Banco de Crédito del Perú.

A poucos meses da realização do Websummit 2017, a Casa da América Latina conversou com Manuel Valadas Preto, especialista em telecomunicações e serviços bancários, que representou Portugal neste evento, através da empresa M-Eskudo. Entre outros temas, foi abordado o “estado da arte” das Fintech Europeias e do blockchain (a tecnologia inovadora que permite a existência das moedas tipo Bitcoin).

Grande parte da população não sabe o significado do termo Fintech. Pode explicar?

Fintech é o termo utilizado para definir empresas tecnológicas que oferecem produtos e serviços financeiros disruptivos, concorrentes dos oferecidos pelo setor financeiro tradicional, por exemplo nas áreas de crédito, banca básica e pagamentos.

Este é um dos temas “quentes” no empreendedorismo, sendo que muitas empresas, desde os gigantes tecnológicos como a Apple ou Google aos pequenos inventores, tentam desenvolver soluções de ouro para tornar a indústria financeira (banca e pagamentos) mais eficiente e justa.

Onde se posiciona a Europa, e mais concretamente Portugal, no universo das Fintech?

Se a Europa está muito bem posicionada na “batalha” das Fintech, é muito por “culpa” do Banco Central Europeu, que tem implementado uma regulamentação “amiga” da inovação e da concorrência controlada. Portugal é geralmente considerado um hub de êxito com várias Fintech a fazer os títulos dos jornais especializados e a ganhar prémios em eventos internacionais.

E quanto à América Latina?

O tema Fintech é especialmente importante para a América Latina, a braços com o importante problema de exclusão financeira que afeta mais de metade da população, que não tem acesso a uma conta bancária, sendo que apenas 10% tem acesso a crédito formal. Em certos países da região, mais de 70% da população está excluída dos sistemas de pagamentos – o que os impede de ter acesso ao mundo do comércio global, investimento das poupanças, crédito e mesmo da segurança.

E de que forma é que as Fintech influenciam positivamente essa realidade?

Efetivamente, as Fintech podem impulsionar a adoção de serviços financeiros pelos mais desfavorecidos, pelos emigrantes ilegais ou pelos que estão geograficamente distantes dos centros urbanos. A inclusão financeira foi identificada pelas Nações Unidas e muitas ONG’s como chave para se atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio no que toca à pobreza.

Existem provas dadas do funcionamento destas alternativas financeiras?

O Quénia é um dos mais conhecidos casos de sucesso onde a introdução de um sistema de pagamentos (M-Pesa) por parte de uma operadora de telecomunicações que conseguiu que, no período de 10 anos, 80% dos excluídos passassem a ter acesso a serviços bancários.

Mas as Fintech são mais que isso e permitem transferências internacionais baratas (redução do custo de 23% para 12% em África, em média) e a existência de moedas alternativas não controladas por nenhum país ou governo – menos sujeitas, portanto, à manipulação de um banco central – como é o caso das moedas criptográficas, tipo Bitcoin, que se têm tornado muito populares em países como a Argentina ou a Venezuela.

Dentro desse panorama, em que consiste o trabalho desenvolvido pela M-Eskudo?

A M-Eskudo desenvolveu um dispositivo dedicado para acesso móvel e remoto a serviços bancários que permitirá às instituições financeiras servirem, de forma mais eficiente e barata, clientes excluídos do sistema bancário.

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