João Barreto Guimarães: “Ainda hoje alimento a ilusão de que esculpo poemas”

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João Luís Barreto Guimarães esteve recentemente presente na edição de 2016 dos Poetas do Mundo Latino, na cidade de Aguascalientes. É um dos nove poetas representados na antologia bilingue “Nueve poetas portugueses para un nuevo siglo”, editada pela Universidade Nacional Autónoma do México, com seleção de Nuno Júdice e tradução de José Javier Villareal.

O escritor portuense licenciado em Medicina e Cirurgia pela Universidade do Porto, especialista em Cirurgia Plástica e Reconstrutiva e Estética, publicou o seu primeiro livro de poemas em 1989 – “Há Violinos na Tribo”. Seguiram-me muitos outros numa carreira que conta com quase 30 anos.

A Casa da América Latina falou com o poeta que não aceita o acordo ortográfico e prefere responder “ao seu estilo” incisivo.

“Sou muito mais um poeta que opera do que um cirurgião que escreve”, afirmou numa entrevista em 2015. Quais as influências da medicina no seu processo criativo?

Hum…, suspeito que a medicina exerce sobre o meu processo criativo uma má Influenza.

A ironia e a economia das palavras são os instrumentos que operam?

Sim, mas também a tesoura – para cortar e cortar e cortar – e a pinça, para segurar delicadamente nos temas.

Cansa-se das metáforas que constroem sobre esta relação?

Não. Eu só me canso de alguns políticos.

A poesia tem de ser autobiográfica?

De todo. Nem mesmo no caso de poemas desonestos e verborreicos, escritos por poetas – lá está – desonestos e verborreicos.

O que o levou a começar a escrever?

Olhe, uma caneta, que alguém deixou inadvertidamente esquecida à minha frente…

Que outras formas artísticas foram relevantes na construção da sua obra?

Julgo que a pintura. E a escultura, talvez. Ainda hoje alimento a ilusão de que esculpo poemas.

Quase 30 anos depois, o que se aprende com o passar do tempo?

As mais duras verdades. Como por exemplo que no processo criativo, a dúvida e a hesitação vieram para ficar.

Participou na edição de 2016 dos Poetas do Mundo Latino. Qual a importância da presença portuguesa neste evento?

Bom, não podendo os pesos pesados estar presentes por razões de carácter definitivo – Camões, Cesário, Pessoa –, a presença de Portugal desperta sempre expectativa e curiosidade.

Qual tem sido a receção da antologia recentemente editada pela Universidade Nacional Autónoma do México “Nueve poetas portugueses para un nuevo siglo”, na qual é um dos poetas representados?

Muito boa. Pode mesmo dizer-se que estamos perante um daqueles felizes casos em que não se aplica a regra do “Noves fora, nada”.

Encontra influências na sua escrita provenientes da América Latina?

Sim, muitas. O tema dos políticos, o bom tempo e o futebol.

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