Cristina Norton apresenta “O Rapaz e o Pombo” na CAL

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21 de outubro
18h30
Casa da América Latina (Avenida da Índia, 110, Lisboa)

A escritora argentina Cristina Norton apresenta o seu novo livro “O Rapaz e o Pombo” na Casa da América Latina, no dia 21 de outubro, pelas 18h30. A obra recorda vítimas e relatos mais ou menos divulgados do Holocausto. A apresentação estará a cargo do jornalista Henrique Monteiro.

Misturando realidade e ficção, a narrativa, que decorre entre os anos 1930 e 1958, gira em torno de três personagens. A principal é a de um rapaz judeu, que acaba por encontra num pombo o seu consolo e refúgio. As figuras que o rodeiam não têm nome nem identidade e representam todos os que passaram por uma das maiores injustiças de todos os tempos.

Através das outras personagens, Cristina Norton denuncia histórias que, por vergonha, permaneceram ocultas, sendo baseadas em testemunhos reais de mulheres que passaram pela escravatura sexual nos campos de concentração. Os caminhos dos protagonistas deste romance cruzam-se nos países onde decorrem as suas vidas: Alemanha, Holanda, Itália, Suíça, Espanha, Brasil, Argentina e também Portugal.

Cristina Norton nasceu em 28 de fevereiro de 1948, em Buenos Aires, Argentina, e reside em Portugal há mais de 40 anos. Estudou História da Civilização Francesa na Sorbonne, Belas-Artes na ESBAL e História de Arte na ESARES. Desde os 17 anos que colabora em revistas e jornais literários de diversos países.

A sua obra está publicada em Portugal, no Brasil, no Chile e em Espanha; engloba a poesia, o romance e o conto. Dos vários títulos que publicou destacam-se “O Segredo da Bastarda”, “O Afinador de Pianos”, “O Lázaro do Porto”, “O Barco de Chocolate” (contos infantis, Prémio Adolfo Simões Müller, 2002), “A Casa do Sal” e “O Guardião de Livros”.

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«Quando nos tínhamos habituado ao nosso novo ritmo de vida, onde cada um tinha uma ocupação e tudo parecia ter voltado à normalidade, chegou uma carta da minha avó materna com uma notícia inesperada que podia mudar o destino de alguns de nós.»

«Não íamos sozinhos naquela viagem, outros judeus alemães viajavam, provavelmente nas mesmas circunstâncias, aquelas que ninguém nos quis explicar. Demorei muito tempo até reunir coragem suficiente para fazer algumas perguntas, contei as árvores da estrada, os postes de electricidade e, sem descolar os olhos da janela, disse, com um tom de voz que tentei que se parecesse com aquele que tinha antes de ter voltado a ver os meus pais: – Pai? Porque voltamos para a Alemanha?»

«Patrícia viu a amiga da mãe sentada no braço de um sofá. (…) O tronco inclinado para a frente e um cigarro na mão davam-lhe o aspecto de uma das actrizes dos filmes de guerra tão em voga nesses anos. Constance pronunciava o alemão com doçura, como se desde a infância tivesse falado nessa língua com os pássaros da Floresta Negra. (…) Quem era realmente essa mulher?»

«À avó do rapaz do pombo ia-se-lhe aguando a memória. (…) Num momento em que se recordou de como se pronunciavam as palavras, chegou a perguntar ao marido quem era aquele rapaz do pombo que lhe aparecia nos sonhos. Mas ele disse que também não sabia. – Os sonhos são assim. O teu é bonito.»

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