Franchising: A obrigação de estar “sempre alerta”

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“O mundo é plano, e a prova disso é estar aqui hoje”, afirmou Diego Elizarrarás, secretário-geral da Federação Iberoamericana de Franquias (FIAF) na 1ª Conferência Empresarial da Associação Portuguesa de Franchising (APF). Para Elizarrarás, a região que engloba 20 países pede um “tropicalizar” dos conceitos, adaptando-os aos mercados sul americanos, sem perder a essência.

O evento decorreu no Pátio da Galé (Terreiro do Paço, Lisboa), no dia 18 de março de 2016 e antecedeu a primeira edição da Feira Internacional de Franchising de Lisboa (FIF 2016) e onde a Casa da América Latina marcou presença. Os empresários presentes tiveram a oportunidade de contactar com as várias oportunidades do mercado nacional e internacional, com especial destaque para o da América Latina, representado pela FIAF.

O Potencial do Mercado Açoriano foi o primeiro painel, apresentado por Eugénia Flores da Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores (SDEA), que salientou a importância de saber “vender os Açores lá fora” como “mais do que um sítio bonito para visitar”. O arquipélago com uma localização estratégica no continente e em relação aos Estados Unidos, foi apresentado como um local favorável aos investimentos, com incentivos fiscais apelativos direcionados para a indústria e serviços.

Beatriz Rubio, CEO da Remax, seguiu-se na apresentação sob o tema Grande Gestor de Franchising Feminino, no qual enumerou as características imprescindíveis para dirigir empresas no mercado do Franchising, tais como: flexibilidade, determinação e paixão.

O Franchising na América Latina

Diego Elizarrarás salientou “a importância das marcas internacionais, o desenvolvimento do modelo em marcas locais estabelecidas, as estratégias de crescimento em países em evolução e a exportação de marcas locais” como os fatores mais relevantes no processo de franchising na América Latina. Com mais de 7 mil redes de franchising e cerca de 650 milhões de pessoas envolvidas no mercado, a região oferece facilidades acrescidas no que respeita à partilha dos idiomas espanhol e português.

As “similaridades dos hábitos de consumo, leis, história, comércio e economia” permitem, segundo o secretário-geral da FIAF, um intercâmbio efetivo entre os países da América do Sul, seja em países como a Argentina, o Brasil e o México, com uma já larga tradição de franchising, seja em potencias em expansão favorável, como é o caso da Venezuela, Colômbia, Guatemala, Costa Rica, entre outros.

O franchising no Brasil foi retratado por Cristina Franco, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), como “uma atividade viva, onde é possível ter sucesso mesmo em cenário adverso”, remetendo para a recente crise de corrupção. Destacou a relevância em “conhecer a maneira de ser brasileira” na realização de negócios no país, bem como da intenção em contrariar a tendência de concentração de negócios na costa, levando para o interior a área de atuação do franchising.

“A relação entre franquiador e franqueado é como nos escuteiros: Sempre alerta!”, lembrou Cristina Franco, explicando que é necessário que no franchising exista uma posição “à americana”, ou seja, muito orientada para os resultados. “Custo é como unha, você tem de cortar todos os dias”, remata. A ABF recolhe há 25 anos os números do mercado e atribui ao franchising 2,3% do PIB brasileiro, tendo havido um crescimento de 8,3% entre 2014 e 2015, em contra-corrente face à tendência nacional de diminuição do PIB. Também na criação de postos de trabalho, este setor dá cartas, com um crescimento de 8,5% entre os mesmos anos.

Novos projetos da APF e o conselho dos “gigantes”

Cristina Matos, diretora-geral da APF, apresentou os novos projetos da associação para os próximos anos. Em curso estão uma nova feira internacional em março de 2017; a criação de uma feira online, onde todos os expositores poderão estar presentes “365 dias por ano, 24 horas por dia”; um anuário que tenha presente as marcas portuguesas e respetivas estatísticas de mercado, sendo que estas últimas se enquadram no último projeto em desenvolvimento, que prevê a criação de dados no seio a associação, a partir de um inquérito a todas as empresas sob a contrapartida de entrega de um selo de formação por parte da APF aos participantes.

Os representantes de marcas como Portugália, Mc Donald’s, Meu Super e Minipreço estiveram ainda reunidos em mesa redonda a debater a opção do franchising como modelo de negócio. Francisco Carvalho Martins, CEO da Portugália afirmou que “o sucesso desta forma de expansão está no perfil do franqueado”, salientando que o desafio está em “conseguir que o processo de seleção seja mais célere”. Com franqueados há já 20 anos, José Carlos Correia, do Minipreço (Grupo Dia), garante que ter o “candidato certo” é tão essencial como formá-lo, revelando que a empresa tem uma equipa direcionada para trabalhar com os estes diariamente.

Fernando Silva, diretor-geral do Meu Super, do grupo Sonae, explica que o “gigante” decidiu enveredar pelo franchising face à necessidade em se expandir para “espaços mais pequenos no interior das cidades”, sendo que hoje mais de 40% das lojas são já convertidas. Também a Mc Donald’s, há já 25 anos em Portugal, tenta criar “proximidade” com a cidade, bairro ou vila onde se instala um novo franchising, tentando “devolver à comunidade aquilo que ela dá, numa aprendizagem mútua”, afirma Vítor Oliveira. O relacionamento da empresa-mãe com os franqueados é o de “autênticos parceiros”, garante o CEO da empresa que, este ano, está recetiva a novas candidaturas.

A FIF 2016 contou com mais de 1500 visitantes, 53 stands e a participação de oito países estrangeiros (Espanha, Brasil, Macau, França, Itália, Bélgica, Peru, Inglaterra).

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