Papa defende cultura indígena em visita ao México

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O programa oficial da viagem do Papa ao México, que iniciou a 12 de fevereiro e se prolongou até ao dia 18, contemplou uma atenção especial à comunidade indígena mexicana e ficou pautado pela preocupação de Francisco em lutar contra os privilégios da classe política, a corrupção e o narcotráfico.

“Muitas vezes, de forma sistemática e estrutural, os vossos povos acabaram incompreendidos e excluídos da sociedade. Alguns consideram inferiores os vossos valores, a vossa cultura e as vossas tradições. Outros, fascinados pelo poder, o dinheiro e as leis do mercado, espoliaram-vos das vossas terras ou realizaram empreendimentos que as contaminaram”, afirmou o líder religioso na sua visita a San Cristóbal de las Casas, no Estado de Chiapas.

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Dia 12: Justiça Real e Segurança Efetiva

Chegado à Cidade do México, após uma escala em Cuba, onde se encontrou com o líder da Igreja Ortodoxa russa, o pontífice argentino foi recebido pelo presidente Enrique Peña Nieto, uma orquestra ‘mariachi’ e dançarinas folclóricas, bem como milhares de fiéis.
Esta passagem de cinco dias pelo México contemplou a primeira visita de um Papa ao Palácio Nacional, estreia simbólica num país que apenas restabeleceu relações diplomáticas com o Vaticano em 1992. À classe política reunida, este pediu a garantia de uma “justiça real” e “segurança efetiva”, bem como o abandono dos privilégios políticos.

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Dia 13: “Culturas Massacradas”

“A experiência demonstra-nos que quando se busca o caminho do privilégio ou do benefício para poucos em detrimento do bem de todos, mais cedo ou mais tarde, a vida em sociedade transforma-se num terreno fértil para a corrupção, o tráfico de drogas, a exclusão das culturas diferentes, a violência e até o tráfico humano”, declarou Francisco no encontro com as autoridades, sociedade civil e corpo diplomático, na Cidade do México.

Salientando ser necessário ter em conta a situação dos povos indígenas e as suas “massacradas culturas” e elogiando a “cultura mestiça”, a “biodiversidade” e a “multiculturalidade” do México, o Papa citou ainda o prémio Nobel da Literatura Octavio Paz, sobre a identidade mexicana: “Um inquieto e ilustre escritor desta terra disse que em Guadalupe não se pede a abundância das colheitas ou a fertilidade da terra, mas procura-se um ventre no qual os homens, sempre órfãos e deserdados, procuram uma proteção, uma casa”.

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Dia 14: “Afetoterapia”

No domingo, Francisco presidiu uma missa em Ecatepec para uma multidão estimada em 400 mil pessoas. Esta foi a primeira visita de um Papa a este subúrbio da Cidade do México, marcado pela violência, as execuções criminosas, sequestros e extorsão, implicando a reparação de várias estradas, tendo sido ainda pintado um mural de mais de 8 quilómetros com a ajuda de artistas locais.

À tarde o Papa visitou um hospital pediátrico na capital, na companhia da Primeira-dama e do Ministro da Saúde. Aqui sublinhou a importância da proximidade no processo de tratamento das crianças, que se obtém, nas suas palavras, “não só com medicamentos, mas também com a ‘afetoterapia’”.

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Dia 15: Indígenas “Incompreendidos”

Jorge Bergoglio foi homenageado pelos indígenas mexicanos na cidade de Tuxtla Gutiérrez, no Estado de Chiapas, sul do México, num dia particularmente dedicado a estas populações. Partiu em seguida para San Cristóbal de las Casas, onde presidiu a uma missa perante milhares de pessoas. Lamentou o sofrimento de gerações de indígenas mexicanos, que foram vítimas de repressão ao longo dos séculos e continuam a ser os grupos mais “incompreendidos” no país. A celebração contou com a presença de comunidades do sul do México e cantos em línguas locais.

O Papa deixou ainda uma mensagem ambiental, elogiando a preservação da natureza promovida pelos povos indígenas, e convidou os mexicanos a aprender com o este exemplo: “Entre os pobres mais abandonados e maltratados está o nosso oprimido e devastado planeta. Não podemos fazer-nos surdos face a uma das maiores crises ambientais da história”.

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Dia 16: Crítica à Resignação da Igreja

Naquele que é um dos principais redutos de tráfico de droga no México – a cidade de Morelia, capital do Michoacán, o Papa pediu aos sacerdotes para não se resignarem perante o tráfico de droga e a corrupção. Seguiu-se um encontro noturno com representantes da juventude mexicana, à qual Francisco se referiu como sendo “a riqueza do México”.

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Dia 17: Alerta às Migrações

O Papa encerrou a sua viagem ao México em Ciudad Juárez, junto à fronteira com os Estados Unidos, que é considerada uma das cidades mais violentas do mundo, associada ao tráfico de pessoas e de droga. O papamóvel passou junto à rede que separa os países com o objetivo de chamar a atenção dos responsáveis internacionais em relação aos problemas das migrações.

Na prisão ‘CeReSo n.3’, ocupada por cerca de 3 mil detidos, foi construida uma capela e uma torre sineira para receber a bênção do pontífice. Seguiu-se um encontro com delegações de trabalhadores e movimentos populares.

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