Investir na AL é uma estratégia inteligente?

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“Evitar novos resgates nos próximos 30 anos para não sermos muito ambiciosos é uma simples frase que nos pode enquadrar a todos e aos nossos objectivos comuns”. Foi assim que João Paulo Carvalho, CEO da Quidgest deu o mote para o Q day sobre “Inteligência Estratégica”, que teve lugar no passado dia 24 de Setembro, na Culturgest.

“O que explica que o nosso desempenho na última década seja pior do que nas décadas anteriores quando o nível de formação e investimento eram menores? A solução para os nossos problemas coletivos não é assim tão difícil, passa simplesmente por aumentar a inteligência das nossas decisões” refere João Paulo Carvalho. Exemplificando o que considera uma decisão menos correta, o dirigente questiona-se quando “podendo uma entidade adquirir um software de origem nacional, menos dispendioso, menos conhecido, mas igualmente eficaz, ou talvez de melhor qualidade”, muitos decisores portugueses continuam a optar pelo estrangeiro. Muitas vezes más soluções importadas deixam as entidades reféns dessas soluções. Esta atitude tem contribuído para agravar a divida externa que foi aumentando menos 20% em 2000 para menos 105% em 2015.

“Investir na América Latina é uma estratégia inteligente”, afirmou Cristina Valério, Coordenadora da Programação Empresarial da CAL no início da sua intervenção. A América do Sul e central foi a região do mundo escolhida para este debate. “Apesar da diplomacia económica portuguesa, desde 1990, ter desenvolvido um enorme esforço de aproximação a estes países, Portugal ainda tem uma relação comercial bastante incipiente (3% de importações e 3,8% das exportações nacionais) com a região quando comparado com o resto do globo. Portugal é desconhecido na América hispânica. O Brasil, apesar da recessão, continua a ser um dos maiores parceiros comerciais na região. Há que combater esse desconhecimento.”, disse.

“Parece um paradoxo, mas a realidade que me é transmitida pelas empresas portuguesas é completamente diferente das estatísticas”, continuou Cristina Valério. “Os investimentos, as transações comerciais de grande volume acontecem todos os dias com a Colômbia, Peru, Uruguai ou Chile. E a estratégia definida por essas empresas parece-me bastante inteligente. A Quidgest, que neste momento está presente em países como El Salvador, México, Jamaica e Nicarágua, exemplifica essa aposta e pelo que me é transmitido tem sido ganhadora” referiu. Essa aposta estratégica também se estabelece entre o continente sul-americano e Africa e já é feita por algumas empresas portuguesas. Ser intermediário nesta relação pode ser o nosso papel natural e não é nada que historicamente já não tenhamos feito. Comprar num lado e vender no outro.

O primeiro painel juntou Henrique Neto, candidato à Presidência da República, José Ribeiro e Castro, Deputado da AR, Manuel Carvalho da Silva, Professor Catedrático e João Salgueiro, Economista. Mas foi este último que deixou um repto à Quidgest “Porque é que os agentes económicos preferem soluções estrangeiras? Temos de perceber porque é que isso acontece. Temos de identificar as causas para combater as consequências”, alertou. “Mantêm-se a falta de comunicação entre empresários e as instituições públicas, que também pode justificar a falta de inteligência de algumas decisões, mas não todas”.

“Deixamos de ouvir as organizações a opinião das pessoas, uma atitude estrategiacamente pouco inteligente” acrescentou Carvalho da Silva.

João Virott da Costa, CEO da Bright Partners, Fernando Resina da Silva, Partner da Vieira de Almeida & Associados, António Jorge Monteiro, Diretor-Geral da Engidro, Daniel Adrião, Administrador da E.XAMPLE e Beatriz Bagoin Guimarães, da Quidgest debateram o que faz uma empresa mais competitiva. “Inovação e tecnologia. Fazer diferente para obter mais e melhores resultados” foi o mote consensual do painel introduzido por Resina da Silva. “Tudo o que pode ser substituído por tecnologia deverá sê-lo” acrescentou. Opinião também partilhada por Daniel Adrião que insistiu na massificação da inovação, “como forma de subir a média do país e tornar-nos a todos mais competitivos” contribuindo assim para a construção de uma inteligência estratégica nacional.

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