Argentina promove diálogo inter-religioso

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A 25 de Maio de 1810, a Argentina proclama a sua independência e em poucas semanas instaura o seu primeiro governo. Até então, o país esteve sob a dependência de Espanha e esta ligação directa à Europa desde cedo o habituou a acolher as “gentes dos barcos”.

Desta forma, a Argentina começa a encarar a imigração não como um problema, mas como uma contribuição fundamental para a sua economia, demografia e riqueza cultural. Um pensamento que contribui para a integração dos imigrantes no país e que levou a que, ao longo dos anos, o povo argentino – composto por nativos, crioulos e imigrantes europeus – se transformasse num povo realmente multicultural.

É em alusão a esta tolerância e integração seculares, que a Argentina celebra, a 25 de Maio e um pouco por todo o mundo, um Te Deum (expressão latina para Acção de Graças) inter-religioso, que reúne os líderes e representantes locais de todas as religiões.

Numa iniciativa do Embaixador Jorge Argüello, a igreja de São José, em Lisboa, acolheu não só os representantes do Estado Argentino, mas também das comunidades católica, judia, ortodoxa, islâmica, entre outros. Na cerimónia, que durou pouco mais de uma hora, a necessidade de uma união universal foi o tema dominante.

“Que a nossa união seja uma união de amizade profunda”, começou por dizer o representante da igreja católica no início da sua intervenção. Uma ideia completada por Jorge Humberto (da Aliança Evangélica), para quem a solução para o momento de convulsão que o mundo atravessa passa por “procurar amar, o próximo e os outros, porque amar significa querer bem”.

Mas o caminho a percorrer é longo e quem o diz é o arcebispo Teodoro, da igreja ortodoxa portuguesa. O representante ecuménico acredita que a sociedade está a viver a uma degradação dos valores morais e sociais que só pode ser contrariada “através do diálogo, compreensão e aceitação do próximo” e quando nos “colocarmos na rota da comunhão com Deus”. Mas até lá, não devemos deixar de “lutar pelos valores mais dignos da humanidade”, apelou Teodoro.

Naquela que era uma das intervenções mais aguardadas da tarde, o rabino Abraham Skorka, amigo pessoal do Papa Francisco, manteve o apelo à união e à paz. Num discurso longo e sentido, o rabino lembrou que “amar é uma responsabilidade e que depende apenas de nós”, estendendo aos presentes um convite para “dialogar, reflectir e mudar a nossa forma de estar”.

No final da cerimónia, o embaixador Jorge Argüello subiu ao altar para agradecer a todos os presentes na cerimónia, saudando o espírito de união que ali se viveu. No ar ficou o convite para futuros momentos de reflexão e tolerância como aquele que se realizou na igreja de São José.

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