Discurso de Enrique Peña Nieto em Portugal

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A Casa da América Latina publica abaixo uma transcrição do discurso do Presidente dos Estados Unidos Mexicanos, Enrique Peña Nieto, num banquete de Estado em Lisboa, no dia 5 de Junho de 2014:

“Excelentíssimo Senhor Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa;
Excelentíssima Senhora Maria Cavaco Silva, Primeira Dama de Portugal;
Amigas e amigos de Portugal e do México;
Senhoras e senhores:

Portugal e México são sócios estratégicos; nações irmanadas por história e cultura.

Por isso, agradeço novamente a hospitalidade do povo e do governo da República Portuguesa, assim como a fraternidade e o afecto com que estamos a ser recebidos. Tenham a certeza de que a estima entre os nossos povos é mútua.

O México reconhece em V. Exa., Senhor Presidente, um dos principais construtores de Portugal do século XXI.

Com grande visão, quando foi Primeiro-Ministro (1985-1995) impulsionou reformas estruturais para que Portugal se integrasse com êxito na, então, Comunidade Económica Europeia e acedesse à economia global.

Hoje, Portugal é um país de destaque dentro da União Europeia. Ao presidir o Conselho Europeu em três ocasiões, impulsionou este grande bloco económico, político e social, como um exemplo de integração regional.

Nós, mexicanos, reconhecemos o caminho que os portugueses seguiram para chegar a ser uma nação moderna e, também, plenamente democrática.

Em 2014 completaram-se quarenta anos desde a Revolução dos Cravos, o ponto de viragem da sua história nacional e símbolo mundial de democracia e paz.

Nós, mexicanos, estamos certos de que esta Nação irmã conta com bases sólidas, na sua política e na sua economia, para superar qualquer desafio conjuntural.

Felicitamos o Governo da República Portuguesa pela sua gradual e sustentável recuperação financeira. Tudo indica que Portugal regressará ao caminho do crescimento este mesmo ano. Confiamos que assim será.

No México partilhamos os mesmos princípios que movem Portugal.

Somos um país democrático; uma economia aberta que negoceia com o mundo; uma nação que impulsiona a cooperação internacional e que assume a sua responsabilidade global.

Por isso, queremos construir um futuro partilhado, de benefícios mútuos, com esta grande nação.

Assim o expressamos neste dia, nas nossas reuniões de trabalho, ao reconhecer as múltiplas áreas de oportunidade que existem para estreitar a nossa relação bilateral.

É desejável e conveniente fortalecer os intercâmbios comerciais entre os nossos países. Ainda que o Atlântico nos separe, também nos unem os nossos portos e as frotas mercantes.

Conscientes de que Portugal é o ponto mais próximo entre a Europa e o México, o turismo recíproco tem enormes possibilidades de desenvolvimento.

Queremos que mais mexicanos venham conhecer a beleza de Lisboa, a cidade do Porto ou as ilhas dos Açores e da Madeira; e que, por sua vez, mais portugueses viajem para o México, para disfrutarem das nossas praias, locais arqueológicos e cidades dinâmicas.

Igualmente, o âmbito energético pode ser da maior transcendência para a nossa relação.

Nós, mexicanos, estamos a impulsionar uma reforma transformadora neste sector. Consideramos que a experiência técnica de Portugal pode ser de grande utilidade, para aproveitar melhor o nosso potencial petrolífero em águas profundas e desenvolver energias limpas.

É admirável que mais de 80% de energia eléctrica do seu país, senhor Presidente, se gere a partir de fontes renováveis. Sem dúvida, isto é um exemplo a seguir, para um mundo que procura soluções reais para os desafios da mudança climática.

Por tudo isto, estamos convencidos de que Portugal e o México podem conformar uma nova ponte de amizade, cooperação e prosperidade, entre a América Latina e a União Europeia.

Estou certo de que esta Visita de Estado, a primeira de um Presidente Mexicano a Portugal em mais de três lustros, é um grande passo para a nossa relação bilateral, assim como foi a visita ao México do Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, em Outubro passado.

Em agradecimento e reciprocidade ao seu calor e hospitalidade, reitero-lhe, senhor Presidente, que para nós seria uma grande honra contar com a sua presença no México.

Senhoras e senhores:

Como sabemos, os navegadores portugueses deixaram a sua imagem impressa na História da Humanidade. Chegaram a todos os continentes, em viagens que foram verdadeiras proezas na sua época.

Com a audácia e a valentia de homens como Fernão de Magalhães, confirmou-se nesse momento histórico que a terra era redonda e traçaram-se importantes cartas náuticas, aproximando entre si os povos do mundo.

As façanhas destes navegantes foram contadas e destacadas na obra cimeira da língua portuguesa, ‘Os Lusíadas’ (1572), escrita por Luís de Camões, cujo aniversário da sua morte, no próximo dia 10 de Junho, foi convertido na festa nacional de Portugal.

Os escritores portugueses, tal como os navegadores desta nação, chegaram muito longe, levando a imaginação a novas fronteiras, com palavras imortais como as de Fernando Pessoa e José Saramago.

Precisamente, Pessoa escreveu com sabedoria que “as viagens são os viajantes”. Hoje, portugueses e mexicanos partilhamos uma travessia que, estou certo, nos levará ainda muito longe.

Os navegadores e os escritores do seu país demonstram-nos que NÃO há limites para os sonhos quando há vontade de os alcançar.

E se agora me permitem, peço a todos vós que me acompanhem num brinde.

Brindo pela amizade entre o México e Portugal, assim como pelo bem-estar do Excelentíssimo Presidente Aníbal Cavaco Silva e da sua distinta senhora esposa.

Saúde!”

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