Descobertas portuguesas em medicina descritas

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No passado dia de 16 de Maio, teve lugar na Fundação Maria Ulrich a primeira conferência do ciclo Entre Ibéria, Goa e Tenochtitlán: gestão de espaços saberes e tradições nos registos imperiais, organizada em parceria com a Casa da América Latina. A palestra dada pela professora Teresa Nobre Carvalho (Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) teve como tema Recolher, descrever, confrontar e testar as qualidades dos recursos naturais.

No século XVI as naus portuguesas levaram até às Índias Orientais marinheiros, soldados, missionários e aristocratas. Ao desembarcarem em Lisboa, estes homens traziam notícias surpreendentes sobre as gentes, os climas e a natureza avistada. Nessas histórias abundavam as descrições de plantas novas, animais extraordinários, frutas deliciosas e produtos milagrosos para a cura de doenças. A falta de preparação técnica de muitos destes informadores justificava as questões que os seus testemunhos suscitaram entre os sábios, médicos e boticários da altura. A abundância de informações, algumas contraditórias, pedia a publicação de um tratado sobre as novas drogas já testadas e validadas.

Colóquios dos Simples e Drogas e Cousas medicinais da Índia foi uma das obras pioneiras. Publicada em Goa, em Abril de 1563, da autoria do médico português Garcia de Orta (1500-1568), divulgou entre os leitores europeus a primeira descrição dos recursos naturais da Ásia. Esta obra escrita em português é composta por diálogos fictícios entre dois médicos, uma vez que a pesquisa levada a cabo pelo médico foi feita através de diálogos e debates com as gentes da terra.

Com a conquista de Manila pelos espanhóis, os portugueses sofreram uma ruptura no monopólio das novas descobertas medicinais. Nicolás Monardes, médico espanhol, começou então a estudar a medicina americana, mas sem nunca sair de Espanha para o Novo Mundo. Dedicou-se a validar a informação trazida das Américas e a estudar as plantas no seu jardim botânico.

A vontade de recolher produtos exóticos começou a aumentar a partir desta informação. O que levou, em 1570, o médico Francisco Hernández a viajar para o México, onde estudou mais de 4000 plantas. Hernández foi enviando informação a Filipe II. As suas cartas foram guardadas na biblioteca Escorial em Espanha, e acabaram por desaparecer em 1671 por causa de um incêndio, restando apenas as cópias mandadas fazer pelo Rei para oferecer a outros médicos espanhóis.

Em 1558, o historiador Pêro de Magalhães Gândavo viajou até ao Brasil. Da experiência resultou a escrita do livro História da Província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, editado em Lisboa. Aqui o historiador descreveu as pessoas, plantas e animais que encontrou, como o tatu, o papa-formigas e outras variedades de aves que até então eram desconhecidas na Europa.

A próxima conferência do cicloPráticas cartográficas na Nova Espanha: as pinturas das Relaciones Geográficas de Indias, terá lugar na Casa da América Latina no dia 28 de Maio às 19h00. A entrada é livre.

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