Balanço da Casa da América Latina sobre FILBo

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“Em Bogotá houve uma fraternidade que funcionou. Tanto ao nível institucional, como ao nível pessoal. Os contactos com os colombianos foram simples e fáceis. E foi muito gratificante ver a cultura puxar pela economia”, afirmou Mário Laginha na sessão promovida pela Casa da América Latina e a Secretaria de Estado da Cultura, que reflectiu sobre a presença portuguesa na FILBo-Feira Internacional do Livro de Bogotá, e teve lugar no passado dia 21 de Maio, na Torre do Tombo.

Neste balanço o êxito da presença portuguesa na FILBO foi a nota comum a todos as intervenções, tendo o escritor Afonso Cruz afirmado que  “é mais fácil gostarmos de um país, quando esse país gosta de nós. Os colombianos têm um grande entusiasmo pela cultura. Devíamos deixar-nos contagiar”. “As pessoas queriam contactar directamente os autores portugueses, procuravam-nos. Os colombianos paravam para simplesmente escutar a sonoridade da nossa língua. Portugal deixou raízes na Colômbia, temos de deixar crescer a planta”, ilustrou André Letria.

No entanto, será importante pensar que a excelência na qualidade e variedade da representação pressupõe uma continuidade, tal como referiu Manuela Júdice, secretária-geral da Casa da América Latina. Tendo mesmo lançado um repto à organização “porque a Colômbia acolheu a Cultura portuguesa de braços abertos, porque é um país onde o livro e a leitura têm um papel fundamental na sociedade (…) o que interessa agora é o day after, é o que fazer com este trabalho para que se reforcem os laços criados. E espero, mas não de braços cruzados, que esta iniciativa frutifique e se prolongue no tempo e nos dois sentidos da viagem atlântica”.

Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões, realçou a importância do trabalho em conjunto e a “associação entre os interesses económicos que podem facilitar a realização destes eventos culturais”.

O embaixador German Santamaria declarou, em tom emotivo, que “a Colômbia não tem palavras para agradecer a Portugal a inesquecível presença na FILBo. Podemos mesmo dizer que nas relações Portugal-Colômbia  há um antes da FILBo e um depois da FILBo. Meio milhão de pessoas estiveram na FILBo e muitos estiveram no Pavilhão de Portugal. Nunca se viu uma adesão assim a uma feira do livro. E isso só aconteceu devido a uma convergência de vontades entre os dois Estados. Mais de 11 mil livros de autores portugueses estão hoje nas casas das famílias, nas bibliotecas, públicas e privadas dos colombianos. O meu maior desejo é ter um outro evento assim que nos reúna num próximo futuro”.

Jorge Barreto Xavier, Secretário de Estado da Cultura, agradeceu as calorosas palavras e comentou o número excepcional de visitantes (60 mil) do Pavilhão de Portugal: “há uma verdadeira possibilidade de construção com os colombianos de uma relação que vai muito para além das relações económicas, comerciais, culturais. Fomos recebidos na Colômbia numa perspectiva de encontro, num exercício de igualdade que é raro entre pessoas, quanto mais entre povos. Portugal apresentou uma produção considerada por muitos como a mais representativa das 26 edições da feira (…) Apesar da distância, há uma proximidade que estamos a construir com a Colômbia que não devemos interromper e devemos incentivar.

A sessão incluiu também a atribuição da Medalha de Mérito Cultural a Jerónimo Pizarro, Comissário de Portugal na FILBo de 2013. Pizarro salientou o trabalho de equipa com a Secretaria de Estado da Cultura e também com a Embaixada de Portugal em Bogotá: “cada um dos funcionários da Embaixada portuguesa em Bogotá vale por dez”. E acrescentou: “a condecoração que recebo hoje não é só minha, é de todos”.

Fazendo um ponto de situação da FILBo, Jerónimo comentou, “o desafio desta feira foi enorme. Tínhamos de chegar às crianças, aos jovens, fizemos visitas a liceus. Colômbia é um país jovem, só assim lançaríamos bem a semente. Agora temos de pensar no dia seguinte. Porque um esforço como este não deve ficar por aqui. Há que consolidar uma relação que agora começou. Venham mais festivais literários entre Portugal e a Colômbia”.

“Sei que Portugal foi um sucesso na FILBo, porque temos ecos de novas traduções e de novos pedidos. A articulação entre os interesses económicos e culturais funcionou. Estes duplos esforços resultam e devíamos pensar nestas articulações quando pensamos numa verdadeira internacionalização da literatura portuguesa”, comentou José Manuel Cortês, secretário geral da DGLAB..

Reforçando estas palavras, Vasco Graça Moura sublinhou a ligação criada entre sectores, por vezes distantes: “não posso deixar de salientar a relação que se estabeleceu entre os aspectos culturais e económicos. Recordo a missão económica que visitou a FILBo (onde esteve integrada a Mota-Engil, associada da CAL). Uma operação conjunta resulta e resulta melhor. A presença portuguesa na Colômbia pode estender-se a outros países da América Latina. Contudo, alerto, não devemos esquecer o Brasil. Uma âncora para os autores portugueses”.

No encerramento do debate a Booktailors anunciou: “Portugal voltará no próximo ano a invadir Bogotá. O que foi semeado é maior do que nós. Em Novembro de 2014, lá estaremos com um Festival Cultural e Literário”. Será este o day after pedido por Manuela Júdice?

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