FITEI 2013 no Porto com apoio do Ano do Brasil

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29 de Maio a 10 de Junho
Porto

[in Público] Veio do outro lado do Atlântico, à boleia do Ano do Brasil em Portugal, a solução para o vazio deixado no Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) com a sua exclusão da lista provisória de apoios da DGArtes.

Na primeira vez que o festival se viu privado de subsídio governamental em 35 anos de história, o director artístico, Mário Moutinho, admitiu mesmo a sua extinção. “Só não o fizemos porque tínhamos um compromisso, assumido desde Setembro do ano passado, com a Funarte [Fundação Nacional das Artes, instituição do Governo brasileiro], que decidiu apoiar a presença de uma mostra de companhias do país no Porto”, disse Moutinho.

É assim que a programação do 36.º FITEI, anteontem anunciada, se limita quase exclusivamente ao teatro brasileiro. São onze companhias e 12 produções, a primeira das quais foi já apresentada anteontem, depois da conferência de imprensa, em jeito de aperitivo para o que vai depois acontecer entre 29 de Maio e 10 de Junho: o espectáculo de teatro de rua O Amargo Santo da Purificação, pela companhia Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre.

“Assumimos fazer aquilo que é, de facto, mais uma mostra de teatro brasileiro do que um festival”, diz Mário Moutinho, apresentando este gesto como “uma atitude de resistência” de alguém que acredita que o FITEI pode continuar a ter futuro.

O júri da DGArtes justificou a proposta de exclusão do festival das entidades a apoiar tecendo várias críticas à candidatura, entre as quais a falta de “explícitas ou perceptíveis singularidades estéticas ou temáticas da programação”, a “inconsistência” do projecto de gestão e ainda a falta de programação para os três anos seguintes do quadriénio 2013-16.

O director artístico diz que o FITEI já respondeu e contestou esse diagnóstico, mas, qualquer que seja o resultado, “a decisão já não virá a tempo para o festival deste ano”. Mário Moutinho socorre-se, de resto, de uma nota do director do Funarte, Antonio Grassi, endereçada ao festival, para contestar a primeira das críticas do júri da DGArtes: “O FITEI é um dos mais longevos e profícuos encontros de teatro e sem dúvida nenhuma é o momento internacional mais significativo da expressão ibérica cénica”, escreveu o actor brasileiro.

Sobre a falta de programação até 2016, o director artístico nota que “num festival não é possível fazer programação sem se saber quais vão ser as estreias das companhias”.

Para a edição deste ano, o FITEI pediu à DGArtes um apoio de 317 mil euros – um valor sensivelmente idêntico ao do investimento da Funarte na mostra que vai apresentar no festival do Porto. Sem o apoio governamental, ficaram de fora do programa produções do Novo Grupo/Teatro Aberto e do Teatro Meridional, além da vinda de companhias espanholas e mexicanas. “Mas o que vai sobretudo faltar é a presença dos críticos, directores e programadores, que asseguram o intercâmbio internacional dos festivais”, lamenta Mário Moutinho.

Mas vai haver muito teatro brasileiro no Porto, a mostrar “a pujança da produção actual no país”, centrada em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas também com companhias vindas de Natal, Belo Horizonte, Bahia…

É desta última cidade que chega a peça de abertura do festival (29 de Maio, Teatro Nacional São João): Namíbia, Não!, de Aldri Anunciação, uma produção da Tô Ligado Produções e Cardim Projectos e Soluções. É a primeira experiência de encenação do actor Lázaro Ramos, e aborda, em registo de comédia, a situação actual dos brasileiros de origem africana.

O espectáculo de encerramento – que assinalará igualmente o fecho da programação do Ano do Brasil em Portugal – é Sua Incelência Ricardo III, pelo Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare (Natal), que põe em diálogo, no espaço público (Praça de D. João I, 10 de Junho), a obra do grande dramaturgo inglês com palhaços e personagens característicos do quotidiano do Nordeste.

No elenco da presença brasileira, destaque ainda para o recital de poesia e música Bethânia e as Palavras, que a cantora já apresentou na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, interpretando textos e canções da lusofonia acompanhada pelos músicos Paulo Dafilin (viola) e Carlos Cesar (percussão).

As únicas presenças extrabrasileiras no FITEI serão o espectáculo de dança afro-cubana Mix Tura, uma co-produção da portuense Allatantou Dance Company com a Cubanya Dance Company, do Reino Unido (1 e 2 de Junho, Teatro Helena Sá e Costa). E, vinda de fora da expressão ibérica, a performanceTraz Fusion, produção francesa de Mounira Tairou e Philippe Gohard, que a companhia Jo Bithume traz ao Serralves em Festa – que mantém a parceria com o festival, à imagem do que acontece com os vários espaços do Teatro São João (que acolhem a maioria dos espectáculos), o Teatro Helena Sá e Costa, o Consulado de França e a Porto Lazer.

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