Mostra de Cinema da América Latina 2012

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A 3ª Mostra de Cinema da América Latina, no Cinema São Jorge de 13 a 16 de Dezembro, procura apresentar um panorama atualizado e representativo do cinema latino-americano contemporâneo. Dez longas-metragens amplamente divulgadas e premiadas em festivais internacionais e nos seus países de origem – Argentina, Brasil, Chile, Cuba, Equador, México, República Dominicana e Venezuela – chegam a Portugal para um público que dificilmente os veria no circuito comercial.

Com esta iniciativa, a Casa da América Latina pretende continuar a proporcionar uma experiência intercultural de contacto com múltiplas realidades, num processo de aprendizagem, reflexão e auto-conhecimento só possível com o conhecimento do outro. Pretende também revelar a produtores e distribuidoras nacionais a qualidade do cinema latino-americano, estimulando as relações entre entidades ligadas à comercialização e promoção do cinema em Portugal e na América Latina.

Não podendo, na mesma edição, incluir a cinematografia de todos os países, é com alegria que apresentamos pela primeira vez filmes da Venezuela, do Equador e da República Dominicana.

O cinema latino-americano, em geral, atravessa hoje uma fase de efervescência, com destaque para a força da produção independente, a qualidade das escolas de cinema e o prestígio dos festivais, num círculo virtuoso gerador de novos grandes profissionais. Para a abundância desta produção contribuem as novas tecnologias, os prémios traduzidos em investimento e, também, a autodeterminação pessoal, dada a ausência de políticas governamentais neste domínio em alguns países.

O cinema é uma das mais expressivas formas de transmitir conhecimento do mundo. No caso da América Latina, o contexto permeia a narrativa, o cinema denuncia a história. Os traumas do continente surgem como verdadeiros personagens: as ditaduras militares, as migrações, o exílio, as guerras, as desigualdades sociais, a violência e o crime. Junta-se a isto a dimensão simbólica de uma América mestiça, com lendas, mitos e mistérios que encontram raízes no mundo pré-hispânico e no cruzamento de heranças indígenas, africanas e europeias.

Sem que se perca este pano de fundo, hoje os cineastas estão menos agarrados ao passado e mais preocupados com o presente, a vida quotidiana e a intimidade dos seus personagens. As narrativas ganham contornos psicológicos. Novas famílias, relações inter-geracionais, amor e sexualidade são temas que os preocupam. É um cinema mais dedicado “ao espaço da casa que da rua”, no sentido que lhe daria o antropólogo Roberto da Matta. A “rua” não desaparece. Surge e é renovada, em tempos de estabilidade democrática, por filmes que, ao apelar ao resgate da memória coletiva e ao sentido de identidade nacional, não esquecem o indivíduo e o seu mundo interior.

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