Exposição Devir Menor mostra peças em Guimarães

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Data: 16 de junho a 19 de agosto
Local: Sociedade Martins Sarmento, Guimarães
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A Capital Europeia da Cultura de 2012, Guimarães, vai acolher a partir de 16 de junho próximo uma exposição intitulada Devir Menor, que inclui obras sobre a América Latina. Baseada no conceito homónimo de Gilles Deleuze e Felix Guattari – que remete para a obra de Franz Kafka -, Devir Menor resulta de uma pesquisa híbrida entre a arquitetura, a teoria crítica e a prática da materialidade, procurando diagramar projetos e processos de trabalho de arquitetos e coletivos situados no contexto da Ibero-América.

Concebido por Inês Moreira (arquiteta e curadora) e Susana Caló (investigadora em filosofia e editora), o projeto refere­se a um potencial de transformação e de abertura de espaços dentro de um contexto dominado pela subordinação a uma língua maior ou dominante. Parte deste conceito e explora a sua instanciação em práticas espaciais na Ibero-América. Explorando o que se denomina por ‘práticas espaciais críticas’, o projeto quer ir particularmente ao encontro de conceções de espaço e prática da arquitetura em que os fatores políticos, económicos, sociais e ecológicos intercetam a elaboração projetual e contribuem para um discurso de multiplicidade.

Se, por um lado, a pressuposta unidade ibero-americana – e mesmo da América Latina – é vaga, e assenta tanto em reminiscências coloniais como em posicionamentos estratégicos no âmbito de um mundo globalizado onde se formam blocos competitivos cada vez mais alargados, por outro lado, o próprio território da América Latina, assim como a relação histórica entre a Península Ibérica e a América Latina, são também figuras de miscigenações, cruzamentos, hibridações, multiplicidade e atravessamentos às formações políticas, culturais e identitárias mais visíveis.

Em Devir Menor exploram-se projetos sensíveis à especificidade das condições contextuais, muitas vezes usando táticas alheias à metodologia tradicional da arquitetura e tecendo uma crítica social e económica operativa, empenhada na transformação e vitalização do seu contexto. O projeto arquitetónico adquire uma proximidade ao quotidiano e uma natureza processual, as modalidades de relação com o contexto vão alterando o próprio projeto e a obra torna-se reflexiva e relacional. Os trabalhos aproximam-se das práticas culturais, caracterizando-se também por uma reconciliação singular que desafia o global e o local; têm uma forte componente espacial e empregam, entre outras, técnicas de reciclagem de materiais, reutilização de recursos existentes, o do-it­yourself, ou experimentam modos de trabalho diversos.

A exposição consta de uma instalação espacial imersiva que explora o potencial dos desenhos, registos, vídeos e imagens dos participantes convidados, privilegiando uma relação informal e intuitiva com o público. Será também exposta uma seleção de 50 publicações de referência, assim como trabalho documental, material e ensaístico produzido especialmente para o projeto. A instalação estabelecerá um diálogo com o edifício da Sociedade Martins Sarmento, um edifício de relevo na cidade de Guimarães, desenhado por Marques da Silva. A edição do livro com contribuições novas de filósofos, arquitetos, urbanistas e sociólogos, pretende firmar criticamente a relação do ‘menor’ com o pensamento da Ibero-América e da América Latina, e com o pensamento da arquitetura enquanto projeto e prática, e configurar especulativamente ideias em torno à proposta do projeto.

Entre os participantes e consultores do projeto contam-se Jorge Garcia de la Camara, Luis Santiago Baptista, Mario Ballesteros, Supersudaca, Anne Querrien, Eduardo Pellejero, Godofredo Pereira, Patricio del Real e Paulo Tavares.

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